Psicologia: Para além de um campo de dispersão, um campo de aproximação

07/07/2011 13:11
Entre uma série de inquietações, conversas, leituras, discussões em mesa de bar com professores, onde ocorrerão as minhas melhores aulas e compartilhamento de saberes, percebi e venho percebendo que a Psicologia não se conhece, não se conversa. 
 
Segue um textinho que fiz sobre o assunto e uma proposta. Gostaria que houvessem comentários. Estou em um momento de intensa ruminação de ideias, antes foi meu tempo de movimento intenso nas contruções de ME, agora estou em outro movimento, mais calmo, mas nem por isto menos cansativo e provocador!
 

"Quando penso sobre os problemas vividos no mundo em suas diversas facetas, seja pelo olhar singular como plural, busco inferir que contribuições a Psicologia realmente poderia produzir".Acredito que a Psicologia a qual conhecemos tem um potencial imenso enquanto profissão transformadora que venha a possibilitar melhorias sociais, para além da manutenção de índices estatísticos aos governos (para gringo ver).

 

É pensando nestas possibilidades de ações transformadoras que venho me questionar sobre o que temos feito, e como temos feito e ao que temos conseguido de bom. Tal ação reflexiva me mantêm em idas e vindas sobre o que chamamos de saberes psi, posto que, mesmo assumindo que devemos trabalhar com o homem concreto, parecemos nos manter partindo de leituras especulares, muito distantes das linhas intrincadas das relações sociais, posto suas nuances...

 

Ao que percebo, a Psicologia se mantêm em uma analise pendular da sociedade, na qual ou se pergunta pelos fatores culturais e sociais que fazem com que os problemas macro ocorram assim ou se pergunta como os fatores singulares da sua vida quanto a este ou aquele fator reverberaram para tal problema. Parecem que não conseguimos achar um ponto de equilíbrio entre as analises, vide a origem da psicologia como científica com Wundt. Mas a questão é: em que medida me cabe o uso de um estudo de caso e em que medida me cabe uma pesquisa epidemiológica? Não haveria como produzirmos uma metodologia que viabilizasse melhor flexibilidade e possibilitasse um olhar multifacetado das questões desejadas à análise?

 

Por exemplo, quando paramos para pensar sobre um ocorrido de bullying em uma dada escola tratamos o caso como singular (se for ocorrido em uma única escola de uma cidadezinha), se forem em grandes centros urbanos podemos correlacionar com os índices de outras cidades de grande porte, mas o que estes fatos realmente falam-nos? Eles são fatos ou fatores sociais? Se entrarmos na escola: o que na vida deste sujeito ocasionou para que recebesse bullying para não se adequar ao social ou por que seus colegas fizeram algo de ruim a eles? Cambiamos entre um macro e um micro, mas não retomamos a uma síntese: “o que vem ocorrendo nas sociedades modernas ocidentais?”

 

Às posturas que busquei apresentar me parecem reducionistas, frente ao ultimo questionamento, mas o ultimo questionamento me parece pretensioso demais aos olhos das ciências, mesmo as humanas. Então, o que fazer?

 

Acredito que devamos criar redes de estudo, pesquisa e intervenção. Podemos aproveitar espaços virtuais para produção, divulgação e promoção de transformações, os como fazeres... Pergunto: em que medida podemos fazer isto no EREP? Não pergunto de modo ingênuo, sei que ocorrem belas discussões, mas como podemos enraizar tais questões em torno de uma grande árvore de conhecimentos do qual possamos nos nutrir e crescer juntamente com esta? Como podemos aprofundar as raízes destas discussões a um nível mais fundante, com fundamentações e fundações em que possamos nos apoiar em nossas ações futuras?

 

Minha inquietude se resume em: o que podemos construir de modo a servir de sustentação aos que estão por vir, auxiliar os que estão e impulsionar os que forem do mundo estudantil ao profissional a não deixar de manter ações transformadoras, de modo que nossos ideais extrapolem aos muros, datas e laços intra-erep."

 
Então, o que podemos fazer? Há quem se inquiete com tal tema e se interesse em fazer o caminho contrário ao que nos apresentam nos primeiros dias de aula: ver como a Psicologia é uma unidade (ou deveria ser) e trabalhar de modo harmônico? (vejam que não trato de abordagens, mas de campo de atuação)
 
Acho que é isto.
 
Abraços
Denilson Paixão
Graduando de Psicologia pela Universidade Federal do Ceará

 

Tópico: Psicologia: Para além de um campo de dispersão, um campo de aproximação

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Data: 08/07/2011 | De: Klessyo Freire

Paixão...Sobre o texto eu concordo com tua opinião! Faço apenas uma ressalva,
para mim, a psicologia sempre vai estudar o individuo, porém, temos que
consideral-lo com intrapisiquico.

Ou seja, o seu psiquismo (de uma forma geral na psicologia e sem enfase em
nenhuma abordagem)é construido socialmente constituindo no contato com o outro,
as singularidades próprias de cada um.

Eu concordo ainda mais com você sobre que a discussão sobre a ética do psicologo
e seu comprimisso social é tão importante ou mais, do que ficar discutindo
abordagens. O EREP é um espaço para isso e essas ideias devem ser construidas e
disseminadas entre todos nós, principalmente os estudantes que serão o futuro da
psicologia do Brasil.

Na minha opinião temos que construir uma psicologia com uma identidade
brasileira e de acordo com a nossa realidade social...

Saudações

Klessyo Freire
Graduando de psicologia pela FRB-Salvador
Membro da da CoErep
Comissão de sistematização r Artcult

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