Psicologia tropicalista

11/08/2011 21:47

Oi gente,

 
Esta é uma proposta que ainda não fiz a um professor meu, que, por culpa dele, acabei pensando tais coisas. Este professor decidiu estudar o movimento tropicalista e suas repercussões, seguindo as ideias trabalhadas por ele cheguei a certas reflexões sobre a Psicologia e que Psicologia é esta que é feita (sejam nas teorias ou nas praticas).
 
O Tropicalismo se apresenta como um movimento de esquerda frente a esquerda elistista da epóca. Digo isto por que eles não praticavam a ortodoxia do dualismo entre eles-e-nós, inimigo-companheiros, ufanismo-modernidade, mas fugiam a esta lógica por vias controversas, como, enquanto todos falavam das belezas do Brasil e negação dos produtos do exterior, eles falavam em "você bota a coca-cola, eu tomo...". O tropicalismo pareceu esboçar linhas de fuga, "onde queres revolver sou coqueiro, onde querem dinheiro sou paixão, onde queres descanso sou desejo", não se opera na ordem da contradição guerra-paz, em contraposição a descanso não se agito ou farra, mas desejo (sentimento e não ação). 
Praticamente a palavra de ordem é: não fazemos o que é esperado de uma elite intelectual de esquerda, contrapor valores, mas vamos absorve-los e transgredi-los, não vamos operar em uma lógica sistêmica, mas como uma anomalia que gera verdadeiras mudanças, faz com que nos movamos junto.
 
A Psicologia Tropicalista seria esta psicologia brasileira que escaparia a ordem sistêmica de dividirmos em áreas e epistemologias, ou divisão entre psicologias do norte e psicologias do sul, a idéias seria extrapolar, destruir ou simplesmente transversalizar os discursos, não deveriamos ser estes que nos são postos, mas uma dando-se, um devir, uma psicologia que se transforma para operar no mundo da vida. Não operariamos como profissionais esperados nas instituições, que assumem cargos de modo burocrático, mas que assumiríamos estes empregos para fazer o que nos é DEVER, fazer psicologia emancipatória!
Tenho percebido que, quando os profissionais, mesmo como formações muito crítica, deixam-se enquadrar nas lógicas institucionais, prevalecidas, opressoras. Deveríamos assumir estes cargos para provocar no modo como vêm a psicologia, mostrar uma outra psicologia, eclética e imprevisível, mas não uma psicologia desvairada sem rigor. A ideia é fazer com que a psicologia seja ouvida, vista e feita, promovendo aquilo que estão em nossas atribuições profissionais.
o Tropicalismo da Psicologia seria esta tentativa de não ser nem uma psicologia clássica, nem alternativa, mas diluir estas convicções e dizer somos nem psicologia X ou y, somos A Psicologia que veio transformar, transgredir, fazer com que os sujeitos escapem a estas estrategias de capitura, em que os profissionais e clientes se encontram em lugares muito bem postos.
 
Não sei se estou sendo claro, pra mim, o que eu disse me faz muito sentido. Gostaria que os demais colegas, se possível, discorressem sobre o que acham e me dizer se faz sentido discutirmos sobre um a Psicologia Tropicalista. A Psicologia Tropicalista não seria nem um campo de atuação ou linha epistemológica, mas um campo de discussão, transformação política e mobilização social. Nosso interesse não seria mantermo-nos na verboréia de que autor falar melhor sobre, mas o que nós, por nós mesmo, envolvidos com todas as nossas experiências possamos construir uma verdadeira práxis transformadora implicada com este mundo posto, que não condiz com abstrações acadêmicas, mas escapa a esta nossa lógica empresarial de administrar o mundo da vida com nossos conceitos que parecem fundar o mundo, que não é outro que não o que vivemos viceralmente, mesmo sem sentirmo-nos parte dele, muitas vezes, achamos que ser psicologo é ser um estranho capaz de criar e destruir vidas...
 
Nem precisa dizer que a Psicologia Tropicalista seria super-divertida de se discutir e vivenciar, né?!
 
 
Denilson Paixão